Pode comentar, mas se preferir também pode enviar um e-mail para fbotto@yahoo.com(sem br!)

sábado, 22 de maio de 2010

O simples, o prolixo e o complicado

Certa vez, três amigos se encontraram num bar. O simples, o prolixo e o complicado.

O garçom veio para tomar nota do pedido. O simples pediu um misto quente e uma coca-cola. O prolixo, antes de fazer o seu pedido, fez um longo discurso, dizendo que o misto era uma escolha duvidosa, porque a revista American Science Troubles do mês trazia o resultado de um extenso estudo sobre aqueles pequenos queimadinhos do pão de misto quente e seus terríveis efeitos sobre a saúde, além de relatar o quanto os refrigerantes fazem mal à saúde. E continua, dizendo que o problema não é só o açúcar, mas o gás, que dá celulite nas mulheres e estufa a barriga nos homens. Após seu prólogo, passa a analisar o cardápio, produto a produto, um a um, com um breve comentário sobre cada um deles, até o seu fim. Olha para o garçom, confiante, e pede um misto quente e uma coca-cola, para acompanhar o amigo.

Daí chega a vez do complicado. Primeiro, ele enrola um pouquinho, vai ao banheiro, volta, olha o relógio, puxa o celular, escreve uma mensagem, envia, diz que já comeu algo antes de sair de casa e que não quer nada. Quando chega a comida dos colegas, belisca um pouquinho e resolve pedir algo para ele. Vem o garçom, ele pede alguma coisa diferente do que os colegas pediram, mas como não sabe exatamente o que quer, pergunta se o sujeito tem alguma sugestão. O garçom oferece umas quinze sugestões. Nenhuma ele diz nem que sim, nem que não. Os amigos já começam a ficar desconfortáveis com a situação. O garçom, com a caneta e o papel nas mãos, está desenvolvendo uma úlcera e os clientes das outras meses já perceberam faz tempo a situação. O resultado é que o complicado escolhe, escolhe, pede mais opiniões, revela que sabe o que quer, mas que não sabe explicar e pede ao garçom um sanduíche de pão com queijo na chapa e um daquele refrigerante de embalagem vermelha do cartaz.

E, assim, o simples, o complicado e o prolixo confraternizam e se divertem, cada qual com as suas diferenças e complementariedades. É claro que cada um de nós se identifica mais com algum desses tipos e tem calafrios e cinco tipos de medo quando sai com algum daqueles que pertence à outra categoria. Ainda bem que tem gente simples no mundo, porque graças aos simples, que há soluções práticas para problemas complexos. Assim como é muito bom haver pessoas prolixas, porque apenas alguém com suprema atenção aos detalhes e à história de tudo, poderia criar as pizzarias com 96 sabores à sua escolha. Mas a quem devemos realmente agradecer é ao complicado. Ele faz nós termos a sensação de ainda não ter chegado lá e de que ainda falta alguma coisa para o nosso produto ficar perfeito... e continuamos aperfeiçoando aquilo que sabemos fazer.

Um dos bons autores que tratam de coisas simples, porém não simplistas, é Eugênio Mussak, que explicou a origem da palavra simples que quer dizer "com uma dobra". Aquilo que tem mais dobras, deixa de ser simples. E nos convida para compreender o conceito: "Imagine uma folha de papel na qual está escrita uma mensagem. Quem a escreveu dobrou a folha uma única vez e a entregou para você, que em um gesto único a abre e lê seu conteúdo. Simples!"

Fernando Botto é escritor, docente, faz palestras de temas como liderança, relacionamento interpessoal, motivação, estratégia de negócios e criatividade.

domingo, 16 de maio de 2010

Brasil volta a brilhar no MMA

Depois da trajetória brilhante do lutador curitibano Wanderlei Silva, ídolo em diversos países, o MMA ou mixed martial arts se rendeu ao talento de um outro curitiba, o Maurício Shogun.

Shogun é um lutador fora de série, um legítimo outlier, como definiria Malcolm Gladwell. Dono de um estilo único e de uma frieza e tranquilidade fantásticas, Shogun venceu por KO o oponente também brasileiro Lyoto Machida, no UFC 113, evento que lhe rendeu o cinturão da categoria meio-pesado, título que coloca o Brasil no topo da dura escalada de lutadores profissionais que sonham com a fama, dinheiro e com a sensação de vitória.

Há cerca de cinco anos, atuei no Brasil com o preparo emocional de lutadores de MMA de alta performance, junto com o psicólogo Fabiano Mello. Na época, o primeiro atleta que fez um trabalho emocional muito dedicado e colheu os frutos mais rápido do que se poderia imaginar foi o André Dida. No mesmo ano em que iniciamos os trabalhos, que consistiam em uma ou duas sessões de uma hora por semana, Dida participou de um evento nacional e nocauteou em meio minuto o lutador Felipe Borges (2006) e foi aclamado como o melhor lutador do evento. Depois disso, Dida foi convidado para a sua primeira luta num grande evento internacional, na Inglaterra e se saiu muito bem. De azarão, quase venceu o K1 Heroes de 2007 e consolidou a sua carreira de lutador de alto nível.

Shogun foi o segundo atleta de nível internacional que se interessou por iniciar um trabalho emocional. Aderiu de maneira fantástica à proposta de desenvolver ainda mais a inteligência emocional que já havia lhe rendido um renomado título de vencedor do Pride, evento que acontecia no Japão e mobilizava o país. Maurício Shogun dedicou-se aos trabalhos e apresentou uma fantástica evolução, trabalho que após o meu deslocamento para atuar no exterior, foi brilhantemente desenvolvido pelo Fabiano, que passou a atuar também com o Evangelista Cyborg e com a Cris Cyborg, dentre outros.

O lado emocional dos lutadores de MMA é fundamental para os seus desempenhos. O que vence a luta é o esforço, dedicação e a técnica e o preparo emocional representa um poderoso segredo que visa garantir o rendimento do atleta nos treinos, a manter o foco e, é claro, a deflagrar os estados emocionais no momento do confronto.

Parabéns ao Shogun, que soube dar a volta por cima da derrota injusta da luta anterior contra Lyoto. Vencido por pontos, dessa vez, com o KO, não deixou dúvidas de que o lutador curitibano está de volta à forma de antes.

Fernando Botto é consultor de negócios, docente e escritor

sábado, 15 de maio de 2010

Nem o coelhinho da Páscoa se salva

Nem o coelhinho da Páscoa se salva. As antigas barrinhas de chocolate de 220g emagreceram para 200g, depois 190g, 180g e, na semana passada, comprei uma de 170g! Ora, que o chocolate engorda eu sei, mas quem devia fazer regime era eu, não a barra, certo?

A velocidade da indústria do mal é muito maior do que a do bem. Proativa, a indústria do mal é um setor muito valorizado de empresas que possuem um departamento obscuro, em que pessoas vestidas de preto sacrificam pequenos animais domésticos e bebem o seu sangue num macabro ritual cujo objetivo é responder à pergunta: como maximizar o lucro dos acionistas?

O risco do descomprometimento com a ética nos negócios é o desenvolvimento de um olhar criativo para passar a perna nos seus clientes, concorrentes e quem mais estiver pela frente. Nem tudo que é legal é ético, já dizia um brilhante jurista dos tempos de negócios feitos no fio do bigode. Hoje, as empresas estão insuflando o ego de pessoas extremamente egoístas, competitivas e confortavelmente maquiavélicas, que encontram na falha dos concorrentes um motivo para justificar a própria torpeza e de alimentar uma concorrência desleal pelo cliente, o maior de todos os prejudicados.

Mas será que existe espaço para profissionais éticos nesse mar de tubarões? Existe. Há empresas comprometidas com valores éticos que sepulcrariam de antemão toda e qualquer medida que pudesse representar a burla do cliente como diferencial para o próprio crescimento. Em outras palavras: assim como há pessoas ávidas por crescer em suas empresas, capazes das mais criativas formas de exercer a arte de puxar o saco e os tapetes, há empresas dispostas a qualquer coisa para obter alguma vantagem.

O mero poder de compra do cliente brasileiro, que já passa a adotar uma postura de valorizar empresas que respeitam o meio ambiente através da compra desses produtos é uma forma de combate a esse tipo de prática desonesta que se tornou tão habitual a ponto de hoje já haver pessoas que entendam tal prática como algo normal, próprio do mercado competitivo e, pasmem, chegam a chamar isso de criatividade.

Não existe criatividade sem ética. E o poder de escolha do consumidor na compra não basta. É preciso haver agências governamentais eficientes, que penalizem com rigor estas práticas perniciosas, assim como as universidades devem insistir em formações que direcionem os futuros executivos a encontrar meios mais criativos de enfrentar a concorrência.

Certa vez assisti a uma partida de futebol em que a violência, por miopia do árbitro, correu solta para os dois lados. Uma lástima. Futebol nota zero. No intervalo, um técnico teve a iniciativa e a sabedoria de chamar o seu colega de longa data que dirigia, naquela noite, a equipe adversária. Esclareceu que o jogo continuasse violento daquele jeito, perderíamos atletas por contusão, o que seria uma lástima para ambos, porque o campeonato ainda estava no início. Selaram um acordo de ir, cada um ao seu vestiário e de ordenar ao time que haviam feito um pacto de lealdade de apenas cometer faltas realmente necessárias.

Em que pese o risco de interpretação de cada atleta numa orientação subjetiva dessas, a essência foi assimilada por todos e o jogo terminou num formidável 3 a 3, fruto de um jogo limpo, em que até os gandulas trocaram as camisas no final do jogo em sinal de congratulação.

Mas mercado não é futebol e cliente não é torcida, é consumidor. E, como a fiscalização é reativa, lenta e muitas vezes ineficiente, nos vemos compelidos a apelar para a ética de nossos executivos para que o quadro não se agrave ainda mais e, para a nossa esperança, há muitos exemplos brasileiros de profissionais que não aceitam negociar seus valores no jogo de vale tudo que alguns insistem em jogar. Seriedade, competência e respeito ao consumidor são valores que esperamos ver, um dia quem sabe, voltar a fazer parte das atitudes do senhor coelhinho da Páscoa. Ou podemos torcer que ele peça demissão e mande o seu curriculum para a indústria de tabacos ou de bebidas alcoólicas. Aliás, não seria o máximo que os cigarros passassem a ter cada vez menos nicotina e as bebidas, cada vez menos álcool em suas garrafinhas?

Fernando Botto é consultor de negócios, palestrante, docente e escritor. Autor dos livros Alho cebola e beijo na boca (2004) e Fungos da Mongólia (2010).

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A verdadeira profilaxia contratual


Você provavelmente já negociou com pessoas desonestas e sabe como é fácil cair em armadilhas e como é difícil sair delas. A sensação do desgosto de ser enganado pode ser bem aproveitada se aprendermos a criar os anticorpos certos e utilizá-los adequadamente em cada contexto.

Certa vez, ouvi um conselho que continua sendo muito útil para quem vive esta necessidade de confiar nas pessoas para fazer bons negócios: melhor do que um contrato bem escrito é negociar com pessoas de valor. Este ensinamento nos ajuda a tomar algumas decisões, mas descobri que até mesmo pessoas de valor podem ser manipuladas por mentes perigosas e levadas a acreditar em realidades distorcidas pelas doces palavras de um bom estelionatário.

Que atire a primeira pedra quem nunca foi manipulado e deu crédito ao homem de fala bonita e de sentimentos entusiasmados. É realmente muito difícil fazer a leitura de comportamentos de sedutores profissionais na arte do engano, vorazes agentes de distorção da realidade em prol de seus objetivos egoístas que olham para o mundo como um universo de riqueza, poder e vaidade e para as pessoas como meio de obtê-los e maximizá-los.

A fidelidade aos próprios valores constrói uma reputação e, na trajetória profissional de sucesso que todos pretendemos fazer, existem atalhos e há pessoas prontas para oferecer caminhos alternativos àqueles que devem ser percorridos.

O único lugar que o dinheiro vem antes do trabalho é no dicionário. E na trajetória que todos buscamos sempre se apresentarão pessoas do boa fala, com promessas maravilhosas capazes de nos fazer sonhar e vibrar silenciosamente com as nossas fantasias que nos projetam para um futuro que parece ser tão certo quanto o sol que nascerá no dia seguinte.

Difícil é conhecer as intenções de cada um que se aproxima de nós, mas é necessário desenvolver a nossa experiência e sabedoria. Confiar nas pessoas é fundamental e não podemos nos fechar para o mundo porque tivemos uma decepção profissional. O que deve sustentar um profissional de sucesso é a fidelidade aos próprios valores e, ao invés de confiar cegamente ao contrato muito bem redigido, atentar, antes disso, a negociar com pessoas de valor.

Fernando Botto é consultor de negócios, escritor, docente e palestrante.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O troca-troca de astros da televisão




por Fernando Botto

A competição autofágica das emissoras de televisão brasileiras pelo “passe” dos apresentadores superstars deram muitas dores de cabeça a quem tem a responsabilidade de preencher rapidamente as súbitas vacâncias. Os leilões que passaram a ser frequentes entre emissoras rivais assemelham tais profissionais aos jogadores de futebol.

Um dos troca-trocas curiosos foi a saída de Roberto Justos, da Record para o SBT, que deixou um programa que tinha a sua cara, forma e cheiro - O Aprendiz -, para apresentar um programa de competição chamado cem contra um. Para suprir a lacuna de Justus, a Record colocou um trio parada dura para tentar dar ânimo à competição entre os universitários, nesta temporada 2010.

O primeiro ponto que O Aprendiz escorregou foi substituir o Justus, empresário com panca natural de executivo global, dono de uma espirituosidade aguçada e de uma personalidade harmonicamente admirada e, ao mesmo tempo temida pelos participantes, por um outro empresário que não consegue obter o temor natural que o olhar frio e comentários bem elaborados do antecessor causavam.

Aquilo que o público gostava de ver no Aprendiz era o tom duro, muitas vezes permeado com algumas pitadas prepotentes do apresentador, que sabia como apertar um candidato e criar aquele suspense típico de cada episódio. Até os tiques do Justus pareciam ensaiados, de tão harmoniosamente adequados. O sucessor não tem essa panca toda e tem em seu desfavor substituir um personagem carismático que contava com mais de um metro e oitenta, sem mencionar o sex appeal do cidadão.

Aliás, o João Doria Junior está acompanhado de uma consultora que quando desfila seus cabelos encaracolados nas telinhas me faz questionar se aquilo não é uma propaganda subliminar da Starbucks, em flagrante benchmarking dos jogos de cores da Ferrari e dos cigarros Marlboro.

O Justus, por seu turno, vive uma espécie de ostracismo, apresentando uma competição meio bobinha para as suas capacidades. Um destino injustus, não apenas para o Roberto, mas para os telespectadores que foram vitimados por esses leilões entre as emissoras ,e do jeito que a coisa vai, não me surpreenderia acordar um dia vendo o Cid Moreira apresentando um programa infantil e o Ratinho com a Xuxa substituindo o casal Willian Bonner e Fátima Bernardes no Jornal Nacional.

Crédito da foto para estadao.com.br

terça-feira, 16 de março de 2010

Missa em memória da dra. Zilda Arns em Luanda


No dia 13 de março último, a Pastoral da Criança de Luanda, Angola, organizou uma missa em memória da dra Zilda Arns. A missa contou com o apoio da Embaixada Brasileira, do Governo Provincial de Luanda e de empresas parceiras.

Pode-se dizer que a "Festa da Vida", parafraseando a dra. Zilda, contou com mais de duzentas pessoas, entre líderes da Pastoral da Criança e da Família, convidados e membros da comunidade. Na entrada da Igreja Sagrada Família, foi pendurada um painel de 3 x 2m com a transcrição do último parágrafo do último discurso da dra. Zilda no Haiti e foram distribuídas camisetas com uma fotografia da dra. Zilda com uma criança angolana no colo, a Clara, que atualmente vive na Itália.

Houve apoio de emissoras de rádio e televisão angolanas, que noticiaram a missa realizada. Um bom número de brasileiros estiveram presentes e, logo na primeira fala, a sra Maria Isabel, coordenadora da Pastoral da Criança em Angola, anunciou, a pedido da embaixada brasileira, o nome de cada um dos militares brasileiros e do diplomata brasileiro vitimados no terremoto de Porto Príncipe.

Foi uma homenagem muito bonita, que retratou a vida e obra da dra. Zilda Arns.

Um fato pitoresco, que não posso deixar de contar, foi o que ocorreu na saída da igreja... Um senhor de barbas brancas e longas, se atirou nos pés de um participante brasileiro, que proferiu um dos discursos. O sujeito o abraçou nos tornozelos e ficou lá, um minuto. Os angolanos ficaram em volta e a esposa do brasileiro, ao invés de fazer alguma coisa, ficou lá, com cara de paisagem olhando a cena. Quando foi liberado, agradeceu ao senhor, totalmente sem jeito, momento em que percebeu aquele bafo de pinga do carinhoso barbudo. Virou-se para o lado e disse para as irmãs, que acompanhavam a cena: "bem, pelo menos hoje fiz um amigo novo. É verdade que ele está bêbado, mas já é um começo, né?"

A dra Zilda foi duas vezes indicada ao prêmio Nobel e recebeu diversos prêmios internacionais. Sem dúvida, uma vencedora. O carisma e o amor que a dra Zilda tinha pelas crianças e pelos idosos era algo de emocionar. Nas palavras de um diretor de uma empresa em Angola: "Era impossível dizer não a um pedido da dra. Zilda Arns. "

segunda-feira, 8 de março de 2010

Foreman matou kutner?

Dr. House é uma das séries mais interessantes que surgiram nos últimos anos. Além das polêmicas tradicionais que os seriados médicos provocam nos episódios que tratam de temas controversos, como eutanásia ou métodos pouco tradicionais de tratamento, esta série inovou ao colocar como tempero um médico de personalidade ranzinza, manipuladora e irônica, que explora a intuição como poderosa ferramenta para fazer seus surpreendentes diagnósticos.

No episódio 5x20, um fato trágico, o aparente suicídio do dr. Kutner intrigou a todos, inclusive ao próprio dr. House, pois jamais havia notado nele traços suicidas. Ao rever o vídeo diversas vezes, sem som, notei algo na linguagem não-verbal que merece um questionamento: o semblante de evidente alegria do dr. Foreman (1:17 no vídeo) logo após sentar-se entre o corpo e sua colega, dra. 13.

A cena é sutil e o sorriso dura frações de segundos. Que motivos teria Foreman para matar Kutner? Faz sentido esta interpretação? Essas perguntas não podem ser respondidas até o momento, mas uma coisa é certa: House discordou da primeira impressão, prontamente aceita por todos, de que o caso se tratava de um mero suicídio.

Será?

http://www.youtube.com/watch?v=zNOT3YVf0t8


SUICIDE OR MURDER ?

Dr. House is one of the most interesting series that emerged in recent years. In addition to the traditional polemics that cause medical series such as euthanasia or non-traditional methods of treatment, this series includes a doctor with surly, manipulative and ironic personality , which explores intuition as a powerful tool to make their amazing diagnoses.

In episode 5x20, a tragic fact, the apparent suicide of Dr. Kutner surprised everyone, including dr. House, because he had never noticed it features suicidal. I watched the video several times, without sound, until noticed something in the non-verbal language that deserves a question: the joy face of dr. Foreman (1:17 on video) when he is looking to the body, while sitting next to 13.

The scene is subtle and the smile lasts fractions of seconds. What reasons would have Foreman to kill Kutner? Does It make sense? These questions can not be answered now, but one thing is certain: House disagreed with the team first impression, unanimously accepted, that it was just a suicide.

What is your opinion?

http://www.youtube.com/watch?v=zNOT3YVf0t8

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Uma política Público-Privada Educacional

O site risadaria .com.br merece aplausos. É uma das raríssimas iniciativas voltadas para a descoberta de novos talentos no humor brasileiro. Além de organizar um grande evento em São Paulo, premiará os cinco melhores trabalhos das áreas de vídeos, fotografias e textos de humor.

O ato de incentivar desde cedo o humor me faz lembrar uma passagem dos meus tempos de colégio.

Desde pequeno, já era um frenético apreciador do humor que era revelado pela elegância, bem como dos trocadilhos e das ironias presentes nas entrelinhas e nas reticências da comunicação oral e escrita.

Lá pela sétima ou oitava série, senti que havia chegado a minha vez e ousei escrever uma redação com humor. Uma ideia quase brilhante. Infelizmente, fui avaliado por um professor que não acordou muito bem no dia em que corrigiu o meu texto. "Piada de salão!!" -escreveu como observação, acompanhada de uma sinistra nota 4.

Sei que a piada que eu coloquei na redação não era lá aquelas coisas, mas para quem lia apenas os Gracilianos Ramos da vida e outras angústias literárias, hoje interpreto o feito como um verdadeiro milagre.

Sou muito mais grato pelo meu apreço ao humor à revista MAD do que ao elenco de sumidades literárias que fui obrigado a ler durante os estudos colegiais. O hábito da leitura entrou na minha cabeça como sinônimo de castigo.

As ironias de Machado de Assis, única forma de humor academicamente correto naquele tempo, equivalia para mim a um gracejo erudita quase sem graça. Sendo sincero, achava aquele tipo de humor uma desgraça. No século XIX aquilo devia ser super engraçado, mas convenhamos, o Machado perdeu o fio quando foi apresentado a um bando de adolescentes que assistiam aos Trapalhões, Casseta & Planeta e outras formas de humor que continham elementos capazes de estabelecer maior identidade com seus públicos, sem contar que a televisão levava vantagem sobre qualquer tipo de texto escrito.

Hoje, depois de saber exatamente o tipo de humor que me faz rir, admito: a cada dia mais aprecio aqueles titãs de outrora. Aprendi a saborear um bom conto de Machado, de Nelson Rodrigues, de Rubem Fonseca e até um bom romance de Clarice Lispector. O problema foi de inadequação daqueles títulos na época em que me foram apresentados. Ao invés de ser seduzido pela leitura na sétima série, a sensação é de ter sido estuprado pelas descabidas pilhas de livros que me obrigaram a comprar, resumir e fingir adorar para perpetuar o nosso modelo de educação digno da Idade Média.

Incentivar o humor é semear a criatividade. Ensinar a adequação do humor, no seu tempo, espaço e forma é fundamental para que a espontaneidade aflore de maneira saudável em cada estudante. Desenvolver o gosto pela leitura nos estudantes inseridos no processo educacional formal é uma tarefa que exige criatividade nas políticas públicas educacionais e de cidadania. O Poder Público e a esmagadora maioria dos educadores ainda não conseguiram dar ao humor a dimensão e a importância de que ele é merecedor. A educação brasileira tem dificuldade de aprender com os próprios erros. Tratamos os estudantes e a realidade deles como se fossem a mesma coisa, do sertão nordestino às grandes capitais. Depositamos conhecimentos nos alunos, como se eles fossem recipientes, ao invés de extrair deles a educação para dar algum sentido àquilo que compõe as suas vidas. Saudoso Paulo Freire!

Inibir talentos por incapacidade de compreendê-los é uma prática excludente e discriminatória. O estudande que quer desenvolver o humor não merece a repressão, mas o incentivo para aprimorar e aperfeiçoar as suas habilidades, sejam elas para escrever, interpretar ou qualquer outra forma de expressão que criatividade permitir. "Piada de salão" é a deficiência do educador, incapaz de reconhecer o desejo de um aluno de aprender a fazer humor de qualidade. "Piada de salão" é a educação brasileira não saber ensinar as crianças e os adolescentes a construir a cidadania, relegando-a ao acaso. "Piada de salão" foi nunca ter havido na minha escola um evento sequer para prestigiar o humor.

Realmente, uma política público-privado educacional como esta promovida pela risadaria.com.br é algo que a Idade Média demorará para aprender, porque no Brasil, além dos alunos, às vezes a própria educação se esquece de fazer a lição de casa.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Cemitério de navios em Angola



No link abaixo pode ser lido um artigo ilustrado com fotografias de um lugar exótico e magnífico chamado praia de Santiago, localizada nas proximidades de Luanda.

http://obviousmag.org/archives/2010/02/cemiterio_de_navios_em_angola.html

Pretendo visitar novamente o Santiago em breve e fazer novas fotografias de lá. Confesso que a energia do lugar dificulta a concentração... Às vezes me pego pensando se aquilo realmente existe. Considero a África linda, riquíssima e misteriosa. Divulgar estas características é contribuição pessoal para diminuir a distância entre as pessoas.

Se ficarmos com a visão de mundo apenas daquilo que nos ensinaram na escola, fecharemos os olhos para conhecer lugares inusitados, diferentes culturas e pessoas encantadoras a ponto de nos flagrarmos, em algum momento diante disso tudo, e ter a audácia de questionar: será que isso realmente existe?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Angola promulga a Constituição e faz história

Portugal em 1976, Brasil em 1988 e Angola em 2010 aprovaram as Constituições

Por Fernando Botto

No dia 4 de fevereiro de 1961, em Luanda, um grupo de homens e mulheres empunhou paus, pedras e catanas e partiu para a libertação de presos políticos que haviam sido capturados pela temida PIDE, polícia política portuguesa, por oferecerem risco às relações coloniais. Havia boatos dando conta de uma possível execução dos pretensos revolucionários, que estavam sendo mantidos na Casa de Reclusão e na cadeia de São Paulo.

A ação desencadeou uma onda de instabilidade colonial entre Portugal e outras colônias, notadamente Guiné-Bissau e Moçambique, antes chamadas pelos portugueses de “províncias ultramarinas”. As guerras das libertações coloniais consumiram muitas vidas e vultuosos recursos portugueses, imbróglio que só teve desfecho com a Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974. A queda da ditadura herdada de Salazar ocorreu sem derramamento de sangue e, curiosamente, muitos militares foram vistos comemorando a vitória com cravos nas pontas de seus fuzis, em meio ao furor popular. Dois anos depois, estava aprovada a Constituição portuguesa.

Em Angola, a guerra colonial teve seu desfecho no dia 11 de novembro de 1975, data que marcou a tão sonhada independência. O Brasil manifestou um importante apoio por se apresentar como o primeiro país do mundo a reconhecer a soberania de Angola. A independência foi uma conquista heróica que não veio acompanhada da paz esperada pelos angolanos. A disputa pelo controle do país foi travada entre o MPLA, a FNLA e a UNITA. A guerra civil teve uma pequena trégua, quando a ONU tentou, ingloriamente, organizar eleições democráticas em 1992. Porém, sem a aceitação unânime do resultado, a guerra recomeçou e só teve fim com a morte do líder da UNITA, Jonas Savimbi. Tal fato ensejou a assinatura imediata do protocolo de paz, em 2002.

Desde então, Angola apresentou crescimento da economia de dois dígitos, até 2008, além de passar a uma produção de petróleo digna de receber o importante convite para compor a poderosa OPEP. Em meio a essa súbita ascensão, permaneceram os desafios de reconstruir um país arrasado por mais de trinta anos de guerras. As eleições legislativas foram realizadas em 2008 e os deputados constituintes aprovaram a Constituição da República de Angola promulgada pelo presidente José Eduardo dos Santos no dia 5 de fevereiro de 2010.

O Brasil, independente desde 1822, teve sua última Constituição promulgada em 1988, marcando o início da nova República e soltando o heróico brado retumbante da democracia canarinha. Deixamos para trás a ditadura, consignamos na nossa Magna Carta os direitos fundamentais à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade como cláusula pétrea, “imexível” como dizia o ex-ministro Magri.

Chegou a vez de Angola viver esta fase, de comemorar os direitos consagrados numa Constituição escrita, debatida e aprovada, resultado da superação de um desgastante período opressivo vivido desde os primeiros golpes de catanas datados de 1961. Tanto o Brasil, em 1988, quanto Portugal, em 1976, experimentaram o gostinho de aprovar Constituições que marcaram transições históricas para a democracia, materializadas em legislações e políticas públicas subsequentes. O fim da luta armada angolana trouxe, além da paz, o embrião de uma nova fase de um país em reconstrução, que tem tudo para se consolidar como um efetivo Estado Democrático de Direito.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Amor de mãe



Foto por Fernando Botto, Luanda, Angola 2010.

Uma das histórias mais belas que presenciei em Angola foi há alguns anos, quando recebi uma psicóloga brasileira que faria algumas conferências em Luanda.

Como todos os hóspedes que conhecem a África, a professora ficou encantada com todas aquelas cenas de ruas tipicamente africanas: zungueiras, trajes coloridos, mães que carregavam seus bebês nas costas, artesanatos formidáveis e aquela multidão em toda parte. Aliás, é praticamente impossível não comprar algumas lembrancinhas sejam de madeira entalhada, quadros ou panos estampados.

No caso da professora, os panos estampados se tornaram uma obsessão. Entre um deslocamento e outro pela cidade, ela monitorava as ruas e calçadas em busca de uma vendedora ambulante dos tais panos. Para nosso alívio, no dia anterior à viagem de retorno dela ao Brasil, encontramos uma zungueira que carregava umas vinte e cinco variedades de de tecidos na cabeça. Sem tempo nem espaço para estacionar o carro, fizemos o convite para a vendedora apanhar uma carona enquanto fazia as suas vendas à faminta cliente. Eu, do banco da frente, acompanhava a negociação.

Ao observar com mais cuidado, percebi que a zungueira estava um pouco encurvada. Disse a ela para se acomodar melhor, para fazer a venda mais confortavelmente, afinal, a professora tinha muitas encomendas para a filha, para as irmãs, para as vizinhas, para as comadres e, se sobrasse algum espaço nas malas, para ela também.

A ambulante virou de lado, lentamente, desamarrou um pano cujo nó estava em cima do umbigo e, aos poucos, foi trazendo de trás do seu corpo um pequenino recém-nascido, para a surpresa de todos. A professora, uma pessoa de extrema sensibilidade, se emocionou e perguntou quantos anos tinha a mamãe, de feições muito jovens. A zungueira, com um sorriso meigo, disse que tinha dezenove anos.

Foi uma identificação instantânea. A professora tinha uma história muito parecida com a da zungueira, pois também havia se tornado mãe aos dezenove anos, e disse a ela que sabia pelo que ela estava passando, o quanto era difícil ser mãe aos dezenove anos, quanto sacrifício deveria ser para ela ter se tornado mãe com apenas dezenove anos e ter tanta responsabilidade tão cedo na vida. "Não é mesmo difícil ser mãe aos dezenove anos? " - perguntou a professora.

A menina, olhando para o filho com um profundo afeto, respondeu carinhosamente:
- Não. Ser mãe é lindo.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Campeonato Africano de Futebol 2010


O CAN 2010 é o campeonato africano de futebol. Angola é país que sedia o evento internacional. A alegria do povo por receber africanos de todo o continente é enorme e as cidades que receberam as seleções receberam uma especial atenção do governo, que investiu em melhorias e construiu estádios para abrigar os torcedores.

A seleção angolana fez uma apresentação modesta, mas foi muito esforçada, vibrante e contagiou. Despediu-se do campeonato num disputado jogo de quartas-de-final com o time do Gana, forte candidato ao título. O jogo terminou 1x0 e marcou uma participação que deixará os angolanos esperançosos nos dias que virão.

Embora o esporte número 1 de Angola seja o basquete, é provável que o futebol passe a ocupar uma posição de maior destaque a partir de agora, sobretudo devido às significativas melhorias de infra-estrutura implementadas por conta desse magnífico evento sediado no país.

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