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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Comentário do artigo do Reinaldo Azevedo, na Veja

Reinaldo Azevedo, articulista da Revista Veja escreveu um artigo condenando a idéia de reformar a língua portuguesa. O cronista sustentou que é importante saber aquelas regrinhas sinistras do português formal e que o Paulo Freire realizou um desserviço para a educação. Encaminhei um comentário à revista, abaixo colado:



Senti uma convocação íntima para oferecer um ponto de vista alternativo à apologia gramatical imposta pelo articulista no texto "Restaurar é preciso; reformar não é preciso".


Honestamente, ainda não encontrei a importância exagerada em se compreender onde está o predicativo do sujeito de um trecho do hino nacional. Prefiro ser um cidadão que saiba interpretar um texto a ser aquele que encontra o predicativo do sujeito num piscar de olhos. Aliás, a educação que pode ser pregada num modelo cartesiano, também pode ser construída, no modelo de Paulo Freire, que inaltece a subjetividade em detrimento da objetividade.
Ora, técnica, teoria, ordem e progresso, desprovidos de ética, consciência e cidadania, constróem seres humanos movidos pela sede de mostrar resultados a qualquer custo, de enriquecer materialmente sem a devida reflexão para a espiritualidade, de atingir e se manter no poder a qualquer custo.
Creio que esse modelo de educação defendido pelo autor, sob o pretexto de discutir reforma ortográfica, deva ter funcionado em outro país e em outra época e já teve longos anos de tortura para inocentes estudantes que se viram obrigados a engolir textos indigestos, apenas porque apeteciam os paladares retrógrados de (des)educadores ortodoxos.


Penso que educação é feita de pessoas, que possuem a própria história, a própria cultura e individualidade. Desconsiderar a subjetividade do ser humano é negar aquilo que nos faz diferente uns dos outros. O desafio não é diferenciar pessoas, mas harmonizar diferenças e construir cidadãos, ao invés de domar estudantes ávidos por encontrar o predicativo do sujeito pelas frases da vida.




Att,




Fernando Botto
Luanda, Angola
Mestre em educação pela PUC-PR

2 comentários:

atheos disse...

Muito boa a resposta ao texto do articulista da Veja.

Aqui em Ouro Preto, em um concurso público, este texto (muito tendencioso) foi dado na prova de português.

Eu fiquei preocupado, pois em muitos sites e blogs esse texto foi muito elogiado.

Esse colunista da Veja, ignora propositadamente o sentido da "Licença Poética"

Anônimo disse...

Parabéns pelo comentário! Realmente, é incrível imaginar que muita gente tenha aplaudido o Reinaldo. Ainda bem que a democracia permite que haja o direito de expressar livremente o pensamento contrário.

Concordo com o comentário feito anteriormente. O colunista Reinaldo Azevedo ignora o sentido da licença poética!

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